
Adolescência e Transtornos de Personalidade: o que toda mãe precisa saber
Por Binha – Histórias que nos tocam
Ser mãe de adolescente é viver numa corda bamba. Um dia, eles querem colo; no outro, fecham a porta e pedem silêncio. Entre lágrimas, explosões de raiva, risadas repentinas e noites em claro, fica a dúvida: isso é normal ou é um sinal de algo maior?
É aqui que entra um tema pouco falado, mas essencial: os transtornos de personalidade. Eles não surgem “do nada” na vida adulta. Muitas vezes, dão sinais ainda na adolescência — e compreender esses sinais pode ser a diferença entre rotular um filho de “problemático” e ajudá-lo a encontrar apoio real.
Por que é tão difícil identificar?
Além disso, a própria adolescência já é um período de instabilidade emocional, o que torna fácil confundir sintomas sérios com “fase da vida”.
Os transtornos de personalidade só podem ser diagnosticados com cuidado clínico especializado. Mas isso não significa que mães e famílias estejam de mãos atadas. Pelo contrário: observar, escutar e não banalizar o sofrimento do adolescente são passos poderosos.
Os transtornos de personalidade que mais aparecem na adolescência
🔸 Borderline (TPB)
Explosões emocionais, impulsividade, sensação de vazio e medo intenso de abandono. Muitas mães veem isso como “drama”, mas, para o adolescente, a dor é real e profunda. É comum que alternem entre idealizar alguém e depois rejeitar de forma brusca.
🔸 Antissocial
Quando a agressividade ultrapassa a rebeldia comum. Adolescentes podem desafiar regras, manipular, mentir de forma recorrente, machucar colegas e mostrar pouco remorso. É um dos transtornos que mais preocupa porque pode evoluir para riscos sérios na vida adulta.
🔸 Histriônico
O excesso de teatralidade, a necessidade constante de atenção, os comportamentos sedutores e a busca desesperada por aprovação. Em tempos de redes sociais, esses sinais podem passar despercebidos, confundidos com “moda” ou “vaidade juvenil”.
🔸 Narcisista
Aparentam segurança e superioridade, mas, no fundo, são frágeis. Buscam admiração constante, têm dificuldade em aceitar críticas e podem se tornar competitivos ao extremo. Essa oscilação entre arrogância e vulnerabilidade costuma deixar as mães confusas.
🔸 Evitativo
Um adolescente que se esconde do mundo. Evita festas, trabalhos em grupo, encontros sociais. Morre de vontade de participar, mas o medo de rejeição o paralisa. Muitas vezes é confundido com “timidez exagerada”, mas pode indicar algo além.
O que mães podem fazer?
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Observar sem julgar: o comportamento não é só “frescura” ou “preguiça”. Há um sofrimento por trás.
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Buscar ajuda especializada cedo: psiquiatras e psicólogos infantis podem orientar, mesmo que o diagnóstico definitivo só seja confirmado mais tarde.
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Dar nome ao sofrimento: falar de saúde mental em casa ajuda o adolescente a não sentir vergonha de pedir ajuda.
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Apoiar sem sufocar: oferecer colo, mas também dar espaço. Adolescência é conflito, mas precisa ser acompanhada de perto.
Um recado importante
Não é sobre criar paranoias, mas sobre não romantizar a dor do adolescente. Nem tudo é “fase”. Muitas vezes, o que parece drama é o grito de alguém que ainda não sabe pedir socorro.
E lembre-se: transtornos de personalidade não definem quem o adolescente é. Com acompanhamento, acolhimento e paciência, há sempre caminhos de cuidado e transformação.
Checklist: sinais de atenção na adolescência
🔎 Observe se seu filho adolescente apresenta com frequência:
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Explosões emocionais intensas e mudanças bruscas de humor (⚠️ Borderline).
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Desrespeito repetido a regras, mentiras constantes e atitudes agressivas (⚠️ Antissocial).
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Busca excessiva por atenção, dramatizações exageradas ou comportamentos sedutores (⚠️ Histriônico).
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Necessidade constante de admiração, dificuldade em lidar com críticas e atitudes de superioridade (⚠️ Narcisista).
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Evita interações sociais por medo de rejeição, mesmo quando deseja se aproximar (⚠️ Evitativo).
✨ O que mães podem fazer de imediato:
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Escutar mais do que falar.
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Não desvalorizar o sofrimento com frases como “isso é só frescura”.
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Procurar apoio psicológico e, se possível, psiquiátrico.
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Estimular redes de apoio (escola, amigos saudáveis, atividades que reforcem autoestima).
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Manter diálogo aberto e afetuoso, mesmo que o adolescente pareça distante.
💡 Lembre-se: diagnóstico precoce pode mudar todo o percurso da vida adulta do seu filho.